LANÇAMENTO
A literatura contemporânea portuguesa em cena
A Novíssima Literatura Portuguesa não é apenas definida por sua presença no final do século XX e início do século XXI. Muitas são as características dessa “geração”, no entanto, a mais importante talvez seja o afastamento dos temas históricos e a tentativa de produzir uma literatura que se propõe universal. O sujeito português contemporâneo se ocupa de uma maneira diferente do seu tempo, rompe com tradições temáticas e estéticas e apresenta uma literatura capaz de perceber o mundo como um amplo espaço de vivência. Existe um deslocamento para além das fronteiras identitárias e territoriais, que se alinha a uma percepção cosmopolita e múltipla dos indivíduos e da construção de histórias individuais e, ao mesmo tempo, coletivas.
Meus dois mundos, de Sergio Chejfec
Uma caminhada por um parque de uma cidade do sul do Brasil, alguns dias antes do aniversário do narrador, guarda singulares interrogações sobre o real, a memória e a linguagem. É nesse percurso, marcado por uma voz reflexiva e hesitante, que o leitor vai se confrontar, no romance Meus dois mundos, com a dicção enigmática de Sergio Chejfec.
Considerado pela crítica um dos mais expressivos nomes na cena literária contemporânea argentina, Chejfec (1956-2022) tem mais de 20 obras publicadas e traduzidas em vários idiomas, mas ainda é pouco conhecido pelo público brasileiro. Originalmente lançado em 2008, a nova edição de Meus dois mundos tem tradução do crítico cultural Idelber Avelar, com paratextos dos professores e pesquisadores Florencia Guaramuño e Julio Premat.
A captura do real
e os intraduzíveis
As formas do realismo na literatura revelam território fértil para explorar os procedimentos de desmascaramento da construção ficcional, elemento essencial para a composição de escrituras que se originam em experiências de repressão e violência.